Úlcera de córnea é um problema relativamente comum nos olhos, e sempre grave e necessita de acompanhamento médico. É definida como uma ferida aberta na córnea.
A córnea é a região exposta do olho, fica por cima da íris, esta é a região de arredonda colorida dos olhos. Costumo a dizer aos meus pacientes que a córnea é como se fosse o vidro do relógio – região transparente, que no momento que ele fica sujo, quebra ou qualquer outro problema, dificulta nossa visualização.
Então, já temos o primeiro conceito, a córnea tem que ser transparente. Outro conceito é que a córnea é muito inervada, ou seja, muito sensível – qualquer problema nela será traduzido com muita dor e incômodo.
Existem várias causas de úlcera de córnea, como bactérias, vírus, fungos e também protozoários. A imensa maioria das úlceras de córneas são causadas por bactérias e, destas, a imensa maioria são causadas por erros no uso das lentes de contato. É importante saber que as bactérias normalmente não invadem a córnea que está integra, então para haver úlceras ocorre um descuido que facilita a infecção.
Alguns exemplos: dormir de lente de contato, retirar a lente com dedos sujos, arranhões nos olhos com as unhas e qualquer tipo de trauma ocular ou contato direto com microrganismos (mergulhar em piscinas, rios e lagoas com olhos abertos).
Outras causas…
Eu, pessoalmente, já tive uma úlcera de córnea e lembro precisamente dos sintomas, eles incomodam bastante.
No meu caso, era algo insuportável, o que me levou diretamente a uma consulta com um oftalmologista. E esta é a conduta mais acertada de alguém que sente esses sintomas, uma vez que, úlceras de córnea podem trazer baixas visuais permanente, cegueira e até perda do olho por completo, chamada de evisceração ou enucleação.
Durante a consulta com oftalmologista, ele examinará seus olhos e com auxílio de corantes específicos (exemplo corante de fluoresceína), ele localizará a lesão fará o diagnóstico. De acordo com o aspecto da lesão e a investigação do quadro (tempo de evolução e características do aparecimento) irá descobrir a causa. Lembro que úlcera pode ter várias causas, e cada uma delas tem um tratamento específico.
Tratamento é feito com colírios a depender da causa podem ser: antibióticos, antivirais ou antifúngicos, normalmente em alta dosagem (uso a cada hora ou a cada duas horas) e em seguida diminuição das doses, podendo ser associado ou não a comprimidos analgésicos e outros colírios lubrificantes que auxiliam na cicatrização e dão mais conforto aos pacientes.
Esses pacientes devem voltar frequentemente aos consultórios para avaliar se está havendo melhora. Um sinal importantíssimo de melhora do quadro e a diminuição da dor. O retorno a visão limpa pode acontecer, porém mais tardiamente. Inicialmente o tratamento é feito pra salvar o olho, em seguida, pensa-se em melhorar a visão do paciente.
Em alguns casos graves como úlceras por acantameba ou por fungos, mesmo após a melhora dos sintomas, é normal que o paciente ainda continue usando os colírios por semanas ou até meses.
Os pacientes que não procuram o médico rapidamente, ou que não usam os colírios adequadamente podem evoluir de forma bem perigosa com perfuração ocular, cegueira ou até perda do olho (sendo substituído por uma prótese ocular). Em caso de perfuração é indicado transplante de córnea de urgência.
A mensagem final desse artigo é: se você sentir esses sintomas procure com urgência seu oftalmologista, caso não consiga o acesso, vá a qualquer clínica de oftalmologia pra uma consulta de urgência – por exemplo uma simples dormida com suas lentes de contato, caso não tenha a assistência correta pode levar a cegueira e pior, retirada do olho (enucleação).
Dr Pedro Paulo Cabral – Oftalmologista